Criar um flanker de Lou Lou foi mais que um risco, foi uma ousadia. Pois justamente oito anos após o lançamento do icônico perfume, ou seja, no ano de 1995, a grife Cacharel pôs no mercado Lou Lou Blue.
Numa impressão meramente visual ele pode passar a imagem de um Lou Lou aquático. Errado. Lou Lou Blue pode não ter a riqueza de notas, densidade e incomparável potência de seu predecessor mas é quase tão forte e duradouro como ele. Intenso, Blue tem cheiro de boneca de vinil e se engana o apressado nariz que acredita que ele é linear, como as notas iniciais podem sugerir.
Sintético num primeiro momento, sua evolução mostra a suavização desta característica ao revelar notas florais marcantes que determinam o estilo floral oriental bem construído e embasado por uma baunilha intoxicante.
Numa impressão meramente visual ele pode passar a imagem de um Lou Lou aquático. Errado. Lou Lou Blue pode não ter a riqueza de notas, densidade e incomparável potência de seu predecessor mas é quase tão forte e duradouro como ele. Intenso, Blue tem cheiro de boneca de vinil e se engana o apressado nariz que acredita que ele é linear, como as notas iniciais podem sugerir.
Sintético num primeiro momento, sua evolução mostra a suavização desta característica ao revelar notas florais marcantes que determinam o estilo floral oriental bem construído e embasado por uma baunilha intoxicante.
Rara, esta versão infelizmente não ficou muito tempo no mercado. Quem conheceu, conheceu. Hoje resta aos curiosos amantes da perfumaria dos anos 90 correr atrás de preciosidades como esta e surpreenderem-se positivamente.
Suas notas de saída são anis, notas verdes, pêssego e bergamota. No coração floral surgem orquídea, madressilva, frésia e raiz de lírio. A base, por sua vez, é composta por sândalo, fava tonka, baunilha e vetiver.
É bonito e muito diferente.Certamente ao usar este perfume você não passará despercebida, afinal parece ser essa a intenção dos criadores de ambas as versões de Lou Lou...
Lou Lou Blue
Chuva ácida de anis
Expondo do lírio a frágil raiz
Atmosfera saudosa de verdes notas
Pranteando a ausência das bergamotas
Pernas tão longas pra passos tão curtos
Com olhar assustado e sorriso vacilante
Quem então conseguiria adivinhar
Se ela era humana ou replicante?
Em busca de seu criador, o tempo era escasso
Cabelos sintéticos, imóveis pupilas em fundo anil
Moderna e articulada bailarina de Picasso
Exótica orquídea com aroma de vinil
Abrigada no escuro laboratório
Brincava displicente com uma réplica de plástico
Criada para atuar em disputado território
Não imaginava para si final tão "blue" e drástico
Disfarçada entre bonecos de louça e velhos livros
Era procurada em cada canto da cidade
Poeira de sândalo espalhada pelos arquivos
Nada ali parecia de verdade!
Seu desejo era ficar mais tempo aqui na Terra
Reprogramar o genético implante da falsa memória
Boneca biônica projetada para a guerra
Em cada célula pulsava uma parte da História
Mesmo com presença tão marcante
Toda sua luta quedou-se em vão
Caçada agora como raro diamante
Escondia-se entre o vetiver e o "noir" carvão
Escapou do teste "Voight-Kampf" de empatia
Mas foi traída pelo doce rastro de intrínseca armadilha
Descobriu-se que não era sangue que em suas veias corria
Mas o sufocante misto de fava tonka com baunilha
Folhas de madressilva para o misterioso origami de papel
Desliza prateado unicórnio entre suave frésia onírica
Revelando que cada gota desse futurista Cacharel
Soava como uma obra de ficção científica
Com cheiro de boneca de vinil, Lou Lou Blue deveria ter sido criado para a personagem "Pris", a andróide replicante do (profético) filme "Blade Runner",de Ridley Scott, baseado no livro de Phillip K. Dick (PKD),"Do androids dream of electric sheep?"(Os andróides sonham com ovelhas elétricas?). Pris foi interpretada pela deslumbrante atriz Daryl Hannah no já longínquo ano de 1982.
Impossível ver a imagem abaixo e não lembrar do brechó "B. Luxo Vintage", na Rua Augusta,2393, aqui em Sampa. Eles conseguiram reproduzir um ambiente que é quase igual ao laboratório do J.F. Sebastian! (Amo!).
Vangelis-Movie theme
(Toda trilha sonora de "Blade Runner" foi feita pelo músico grego Vangelis.)
Desenho do artista Craig Drake
Oi Lily. Quando escrevi sobre LouLou o original fui pesquisar o conceito e encontrei uma história interessantíssima. Sua resenha do flanker se encaixa tão bem, esta analogia da Pris que citarei como outra leitura leitura sobre a saga Loulou. Amei Lily. Encanta-me este seu lado poesia dos aromas. Beijocas de Elisabeth
ResponderExcluirOi Beth, obrigada! Lou Lou Blue é um perfume diferente mesmo. Tem a ver com a personagem, rs. Eu não encontrei quem criou essa fragrância...Ok, não pesquisei muito a fundo também, mas você tem ideia de qual perfumista foi?
ExcluirFiquei curiosa com a história que citou sobre o Lou Lou. Vou lá no seu blog ler! Bjus
Ai Li... esse Lou Lou Blue deve ser uma perdição... nem quero conhecer... rsrs. Linda resenha, parabéns! Bjo!
ResponderExcluirOi, Ju, obrigada. Ele é "sui generis" mesmo e eu nunca imaginei que fosse ser tão elogiado sabe por quem? Pelo Henrique! Justo ele que adora perfumes mais sóbrios, amou Lou Lou Blue! Bjs
Excluirmeu filme preferido! linda homenagem e tb agora muito curiosa com o lou lou blue
ResponderExcluirbelo poema e bela resenha. bjs
Oi, Cris. Blade Runner é sem dúvidas um dos meus filmes favoritos. E Roy Batty terá seu homenagem aqui no blog também, ele merece! Bjuss
ResponderExcluirQuerida Lily, lindo poema. Ainda tenho o CD com a trilha sonora de Blade Runner, acredita? Minha irmã assistiu esse filme dezenas de vezes. Lou Lou Blue deve ser realmente surpreendente. Beijão!
ResponderExcluirDani, o cd eu não tenho mas dá pra fazer um pegando do youtube, boa ideia que vc me inspirou! O dvd eu tenho e de vez em quando assisto. Tenho os dvds de meus filmes prediletos e ele tá aqui...
ExcluirBjus