Eau de Eden, mais uma fragrância da Cacharel, grife francesa que exala feminilidade, foi criado por Jean Guichard e lançado no ano de 1996, dois anos após o lançamento do explosivo Eden.
De corpo e alma floral aquática, esta fragrância combina notas de íris e rosa na saída, nectarina, pêssego e jacinto no coração e tem como base um conjunto de frutas, sândalo e musk branco.
Apresentado em frasco transparente com nuances azul-celeste, este perfume foi uma tentativa de oferecer ao público um aroma mais gracioso e jovem em relação à fragrância mãe.
Apresentado em frasco transparente com nuances azul-celeste, este perfume foi uma tentativa de oferecer ao público um aroma mais gracioso e jovem em relação à fragrância mãe.
Curiosa contradição entre o frescor da rosa e abafamento causado pela íris associada ao musk branco, Eau de Eden acaba nos guiando por impressões que se opõem, como a inocência e a leveza de um aroma delicado, que surge semi maculado pelas notas poeirentas que acabam por lhe conferir um clima de suspense.
Mais uma vez Cacharel não consegue (e provavelmente não tentou!) desvencilhar-se do mistério que circunda suas criações. Por que esses perfumes antigos da grife estão sempre passando essa impressão de que algo estranho irá acontecer? A atmosfera deveria ser leve mas curiosamente revela-se pesada, como se nos transportasse para uma dimensão um pouco mais densa, a dos elementais...
Foto de Jean-Paul Goude Modelo: Estella Warren (1997)
Eau de Eden pede sons da natureza como pássaros e chuva...
Eau de Eden
Eau de Eden pede sons da natureza como pássaros e chuva...
Eau de Eden
Podia estar numa floresta
As madeixas são de fogo
Junto dela outras seres flutuam
Com olhos vítreos de querubim
O azul intenso de cada íris
Contra o mate branco do marfim
Jardim de cristal suspenso
Ou num canteiro de íris molhado
Mas desta vez ela habita
O ambiente de um terrário
As madeixas são de fogo
Efélides brincam por toda face
Deslizando pelo imóvel corpo
Coral em sinuoso enlace
Deslizando pelo imóvel corpo
Coral em sinuoso enlace
Junto dela outras seres flutuam
Com olhos vítreos de querubim
O azul intenso de cada íris
Contra o mate branco do marfim
Jardim de cristal suspenso
Paredes embaçadas por um suspiro
Desponta o botão da verde rosa
Desponta o botão da verde rosa
Num terno e frágil estalido
Do solo ascende a seiva bruta
Do solo ascende a seiva bruta
Natureza orvalhada num poema
O milagre da vida aqui se escuta
Circulando pelo aromático floema
O adocicado vem das frutas
Do sutil vapor da nectarina
Jacintos minúsculos desabrocham
O milagre da vida aqui se escuta
Circulando pelo aromático floema
O adocicado vem das frutas
Do sutil vapor da nectarina
Jacintos minúsculos desabrocham
Implorando por gotas de auxina
No chão úmido de argila rosa
Musgos e flor de camomila
Na boca reina o absoluto
Verde sabor da clorofila
O embrião da rainha das flores
No chão úmido de argila rosa
Musgos e flor de camomila
Na boca reina o absoluto
Verde sabor da clorofila
Repleto de mistério e cores
Nesse diminuto ecossistemaO embrião da rainha das flores
Sonha num berço de alfazema
A fragrância de Eau de Eden encontra sua imagem impressa através da lente da fotógrafa russa Katerina Plotnikova, especialista em capturar imagens de cunho surrealista, especificamente aquelas que retratam meninas e mulheres em meio à natureza.

Sabe, Lily, concordo com você quando diz que Cacharel tem algo de misterioso e divinamente estranho. Só quero sua opinião sobre Amor Amor. Acho que destoa completamente dos perfumes instigantes e maravilhosos da grife. O que você acha?
ResponderExcluirOlá Lily. Nossa que post maravilhoso. Que sensibilidade. Fiquei até emocionada porque quando senti essa fragrância, o cenário que imaginei foi exatamente esse que você descreveu. Parabéns pelo belíssimo texto, cada vez mais me surpreendo com o seu talento. Que Deus ilumine você em todos os momentos. Beijão!
ResponderExcluirCris, Cacharel é muito mistério, desde Anaïs Anaïs, com as meninas "de porcelana" no espelho. Scarlett, apesar da fragrância mais comum, como pede o mercado atual, ainda teve uma publicidade calcada no que eu chamaria de "gótico branco". No entanto, esse ar sinistro paira mesmo sobre os perfumes antigos da grife e Amor Amor, pra mim foi uma decepção tanto no que tange à fragrância ( que não é ruim, de modo algum, mas é doce e simples demais) quanto à apresentação, vide o frasco.
ResponderExcluirBjus!
Dani, que bom você aqui! Obrigada pelos elogios, seu blog também é adorável e foca sempre em posts interessantes. Acho que a gente tem a mesma idade porque conhecemos as mesmas coisas, desde as bonecas dos anos 80 até O Boticário da adolescência. Delícia tudo isso. Um prazer te ter aqui. Bjuss.
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